Todas as manhãs, ao acordar, Gustava tirava da sua mesinha-de-cabeceira um relógio de bolso escondido entre meias.
De olhos entreabertos, tentava concentrar-se nos ponteiros imóveis na esperança que um segundo o relógio começasse a contar. Um segundo em si roubado à eternidade de um leve instante. Amor.
Passava a noite sentada no seu tapete cor de tijolo lendo, para si, histórias de embalar e de janela aberta, acompanhava a lua, abraçando-a no ponto mais alto da sua mente.
- GUSTAVA! - berrara a sua mãe ao cimo das escadas - Vê lá, se não queres que te vá aí buscar pelas orelhas!
Adormecera mais uma vez.