terça-feira, 3 de dezembro de 2013

três almofadas, uma faca, cinco pares de lágrimas e mesmo assim não me vai passar.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

- Salvé às putas! Salvé a mim! Salvé! Salvé.
Que já nada envolve o invólucro da minha cegueira. Salvé a mim! Salvé, pelo meu daltonismo precoce e doentio. E cubram-me que estou descoberta. Mas não me fodam.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013




além corre um mar de lembranças. para além. para lá.

nada não foi, o que será. nem nada do que sou me acalmará. 
olha. olha onde cheguei. poderia ter acreditado que em nada podia eu acreditar.
e não. não sei. nunca saberei. que traço eu tomarei. os goles que darei, à minha inerte condição. à minha estúpida condição.

e poderia dizer-te com calma. eu conseguiria dizer-to com calma. não fosse o sentido, ter tão pouco sentido de sentir que não sente. de sentir que não respira. de se ver a afundar no buraco que ninguém se escapa. de um peso morto, afogado pelas suas dores. 

um só cheiro e tudo desabará. um só aperto de mão e nada ficará. não fosse igualmente a esperança, uma alma perdida que ainda pensa mudar o mundo. mudar-me a mim. ah. mudar.

e não seria o suficiente. não seria o suficiente convidar-te eu para uma dança aqui. aqui onde estou. na verdade onde sou. onde sou na realidade.

sábado, 1 de dezembro de 2012


Todas as manhãs, ao acordar, Gustava tirava da sua mesinha-de-cabeceira um relógio de bolso escondido entre meias. 
De olhos entreabertos, tentava concentrar-se nos ponteiros imóveis na esperança que um segundo o relógio começasse a contar. Um segundo em si roubado à eternidade de um leve instante. Amor.

Passava a noite sentada no seu tapete cor de tijolo lendo, para si, histórias de embalar e de janela aberta, acompanhava a lua, abraçando-a no ponto mais alto da sua mente.

- GUSTAVA! - berrara a sua mãe ao cimo das escadas - Vê lá, se não queres que te vá aí buscar pelas orelhas!

Adormecera mais uma vez.