sexta-feira, 27 de julho de 2012


Gustava nunca se tinha sentido tão enojada em toda a sua vida. tinha planos para tudo em não fazer nada. 
a sua divisão predilecta era a sala. dois metros quadrados rodeados de cacos, com vista para a antiga fábrica de sapatos. tem um sofá bordeaux gasto e quase preto do surro para uma pessoa apenas. à sua esquerda tem uma manta castanha, cheia de pelo, onde o seu rafeiro dorme. ao lado da janela tinha um cavalete empenado.
e foi aqui que tudo começou.
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"mais um caco para a sala, não é Gustava?" - rosnou a sua mãe assim que a viu entrar em casa com um cavalete e um saco gasto cheio de tintas velhas que encontrou no caixote de lixo na esquina do quarteirão.
Teodora era uma pessoa estagnada no tempo, tal como sua filha Gustava viria a ser, mesmo sem tendo essa noção. seu falecido marido espancava-a pela sua boa disposição e ingenuidade. e o pai de Gustava, Bernardo, morreu de cirrose hepática. o whisky apenas prometeu-lhe escassos e intercalados momentos de esquecimento falso e um vazio na carteira.

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